Antes do tarifaço, exportações do café bateram recorde no Brasil

O Brasil encerrou o ano-safra 2024/2025 com o maior valor da história obtido com exportações de café. Segundo o relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o país arrecadou US$ 14,728 bilhões com os embarques do grão ao exterior, uma alta de 49,5% em relação ao recorde anterior, registrado na safra 2023/2024.

O crescimento da receita ocorreu apesar da redução de 3,9% no volume total exportado. Foram embarcadas 45,58 milhões de sacas de 60 quilos para 115 países. O desempenho foi o terceiro maior da história em volume, atrás apenas das safras de 2023/24 e 2020/21.

Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, os preços foram o principal fator para o resultado histórico.

“Os preços, principalmente no segundo semestre de 2024, foram bastante impulsionados por menores potenciais produtivos nos principais produtores mundiais, fato que se observou ao longo de praticamente os últimos cinco anos, quando extremos climáticos afetaram cafezais de Brasil, Vietnã, Colômbia e Indonésia. Isso proporcionou uma elevação significativa no valor do café e potencializou a receita cambial recorde de nossas exportações”, afirmou.

Ferreira também ressaltou que o desempenho ocorreu apesar de um cenário de dificuldades logísticas e geopolíticas.

“A terceira marca na história das exportações brasileiras de café é significativa, uma vez que foi alcançada diante de conflitos geopolíticos […] e de um cenário de infraestrutura defasada nos portos do Brasil, que geram sucessivos atrasos e alterações de escala, resultando em não consolidação de embarques e enormes prejuízos aos exportadores brasileiros devido a taxas imprevistas de sobre-estadia e armazenagem extra”, acrescentou.

O relatório destaca ainda que mais da metade das exportações brasileiras de café teve como destino o continente europeu. A União Europeia importou mais de 20 milhões de sacas. Os Estados Unidos lideraram entre os países individualmente, com 7,46 milhões de sacas, seguidos por Alemanha, Itália, Bélgica e Japão.

O café arábica representou 76,4% das exportações do ciclo, seguido por café robusta (14,4%), solúvel (9,1%) e torrado e moído (0,1%). O preço médio por saca exportada ficou em US$ 323,05, contra US$ 207,54 da safra anterior.

Os cafés diferenciados, com certificações de qualidade ou sustentabilidade, somaram 8,9 milhões de sacas e geraram US$ 3,29 bilhões — alta de 63,2% na comparação com o ciclo 2023/2024.

Apesar do desempenho recorde, o setor enfrenta incertezas com o cenário internacional. Exportadores demonstram preocupação com a possível aplicação de um tarifaço de 50% sobre o café verde em alguns mercados, sem que o produto esteja incluído na lista de exceções. O tema tem sido motivo de mobilização entre entidades do setor, que temem impacto direto na competitividade do café brasileiro no exterior.

Fonte: CNN Brasil

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