Compulsão Alimentar: Fome ou feridas emocionais?

Por trás de cada episódio de comer compulsivo, pode existir um grito emocional silenciado — e não apenas falta de controle ou vaidade.


Mais do que um transtorno alimentar, a compulsão por comida é, muitas vezes, um pedido de socorro psicológico. Enquanto a balança sobe, o que realmente pesa são dores emocionais, histórias familiares mal resolvidas e a ausência de afeto, escuta e acolhimento.

A psicóloga Danny Silva explica que a compulsão alimentar é uma tentativa inconsciente de anestesiar sentimentos como solidão, rejeição e baixa autoestima — e que o tratamento vai além da dieta e do espelho: é preciso olhar para dentro.

A origem da fome nem sempre está no estômago. Para muitas pessoas, comer compulsivamente não é uma questão de apetite ou descontrole, mas uma estratégia inconsciente de sobrevivência emocional. A psicóloga Danny Silva, especialista em abordagem sistêmica, alerta: “Nem todo ganho de peso tem causa biológica. Muitas vezes, a comida é o remédio silencioso de quem vive dores que não sabe nomear”.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos alimentares afetam mais de 9% da população mundial, e a compulsão alimentar é um dos quadros mais prevalentes — sendo frequentemente subdiagnosticado devido ao estigma e à falta de compreensão pública sobre o tema.

 Sentimentos como ansiedade, rejeição e frustrações antigas são grandes gatilhos. A compulsão surge, muitas vezes, como resposta a memórias de negligência emocional, dinâmicas familiares invisíveis (como o papel de “salvadora” ou “invisível” na infância) ou sentimentos persistentes de inadequação.

Danny destaca que essa fome é, na verdade, uma tentativa de compensar o que faltou:

“Há pessoas que carregam uma história de escassez — de amor, de reconhecimento, de pertencimento. O alimento entra como substituto do afeto que não veio.”

 A escuta terapêutica é o primeiro passo. Por meio da psicoterapia, é possível identificar quando a compulsão começou, quais eventos emocionais estavam atrelados àquele período, e quais padrões familiares ou crenças pessoais estão por trás do comportamento.

Entre os instrumentos utilizados no consultório da Dra. Danny estão:

  • Genograma emocional
  • Diário de emoções e alimentação
  • Linha do tempo emocional
  • Técnicas de autorregulação emocional

 O tratamento exige um olhar integrado:
Além da psicoterapia (sistêmica ou cognitiva-comportamental), é essencial o apoio de nutricionistas que trabalhem com uma abordagem não punitiva, acolhedora e sem foco exclusivo em dietas. Em alguns casos, pode ser necessário suporte psiquiátrico.

Quando ignorada, a compulsão alimentar pode desencadear outros transtornos — como depressão, ansiedade, dismorfia corporal e até Transtorno Obsessivo-Compulsivo.
“É um ciclo: a pessoa come para se acalmar, depois sente culpa, se pune, e volta a comer. Romper esse padrão exige mais do que força de vontade: exige cuidado, escuta e acompanhamento profissional”, reforça Danny.

Sobre Danielle Silva

Danielle Silva é psicóloga e especialista em terapia sistêmica familiar. Com uma abordagem humanizada, atua no acompanhamento de famílias e indivíduos, ajudando-os a superar desafios emocionais e comportamentais. Seu trabalho tem impactado a vida de diversos pacientes, promovendo o autoconhecimento e o fortalecimento das relações interpessoais.

 Instagram: @psi.dannysilva

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