O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pediu, nesta segunda-feira (7), por um “novo sistema financeiro no mundo”, em discurso na Cúpula de líderes do Brics.
“Se a gente quiser criar alguma coisa nova no mundo, a gente vai ter que criar novos paradigmas de participação e não pode repetir os mesmos erros. A gente não quer mudança no FMI [Fundo Monetário Internacional] porque eu não gosto do FMI, a gente quer mudança para o FMI ser um banco de investimento para atender a necessidade dos países mais pobres”, expôs Lula durante a reunião realizada no Rio de Janeiro.
O sistema financeiro internacional contemporâneo é centralizado nas estruturas do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial. As bases destas instituições foram formadas do acordo de Bretton Woods, firmado no contexto de colapso do final da Segunda Guerra Mundial.
A reivindicação de Lula não é de agora. Em setembro de 2024, o mandatário já havia pedido pela reforma do quadro de financiamento mundial durante a Assembleia Geral das Nações Unidas.
O grande questionamento sobre esse sistema gira em torno do fato de sua burocracia não se adaptar à realidade das economias emergentes e dos países mais pobres.
O Brasil é hoje credor do FMI, mas uma série de países acumula dívidas com os órgãos internacionais que trava seus orçamentos. A pauta está no cerne do Brics desde sua origem e, durante a cúpula, foram discutidos mecanismos para renegociar estes valores e seus pagamentos.
“Não é para emprestar dinheiro e os países irem à falência como tem acontecido. O modelo de austeridade que tem sido feito com os outros países é fazer com que a dívida seja impagável cada vez mais”, argumentou Lula nesta segunda-feira.
O mandatário defendeu um sistema no qual os países possam converter suas dívidas em créditos ou garantias de que irão usar os valores devidos para realizar em investimentos em infraestrutura, saúde, educação, etc.
“O que nós queremos mudar é criar um sistema financeiro, e o Banco dos Brics serve de modelo, para que a gente possa criar um novo tipo de financiamento. […] O que não pode é a gente continuar com a mesmice de sempre”, pontuou o petista.
Outra pauta que vinha sendo discutida pelo grupo e defendida por Lula é a criação de uma moeda comum para o bloco utilizar em suas negociações. A discussão foi evitada nesta cúpula, sobretudo em meio a um contexto de tensão do Brics com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirma que irá aplicar sanções contra países que voltarem seus esforços para medidas que tenham como consequência uma perda de espaço do dólar.
Fonte: CNN Brasil